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Nas duas postagens anteriores (acesse-as aqui), vimos o conceito de funções juntamente com os conceitos de domínio, contradomínio e imagem de uma função. Nessa postagem vamos passar para um caso particular de função, que são as funções reais de uma variável real. Essas funções são muito importantes na prática, pois são usadas na modelagem matemática, isto é, são usadas para descrever problemas reais e, assim, elas nos permitem encotrar soluções para esses problemas. Então, vamos entender o que são as funções reais de uma variável real. Vamos lá!

Funções reais de uma variável real

Primeiramente, vamos entender o que significa ser uma função real de uma variável real. Considere uma função qualquer $f: A \rightarrow B$. A função $f$ é chamada de função real se $B \subseteq \mathbb{R}$, ou seja, se o contradomínio de $f$ está contido ou é igual ao próprio $\mathbb{R}$. Como vimos nas postagens anteriores, dado um elemento $x \in A$, escrever $y = f(x)$ significa que $f$ leva $x \in A$ em $y \in B$. Perceba que $y$ depende de $x$, isto é, quando calculamos $f(x)$ para diferentes valores de $x$, eventualmente encontraremos resultados diferentes, ou seja, valores diferentes para $y$. Sendo assim, $x$ recebe o nome de variável independente, pois podemos simplesmente escolhe-lá em $A$, o domínio da função, e $y$ é chamado de variável dependente, pois ela depende do $x$ escolhido. Desse modo, a função $f: A \rightarrow B$ é chamada de função de uma variável real, quando $A \subseteq \mathbb{R}$, ou seja, $A$ está está contido em $\mathbb{R}$ ou é o próprio $\mathbb{R}$. Em outras palavras, $f$ é uma função de uma variável real quando na igualdade $y = f(x)$ o $x$ representa um único número real que varia dentro de um subconjunto de $\mathbb{R}$, podendo ser o próprio $\mathbb{R}$.

Resumindo, uma função $f: A \rightarrow B$ é uma função real de uma variável real quando $A$ e $B$ estão contidos em $\mathbb{R}$, podendo ser um deles ou os dois iguais a $\mathbb{R}$.

Chamamos também $f(x)$ de valor de $f$ em $x$, ou ainda, de imagem de $x$ pela $f$.

Observação: É comum na linguagem de funções usarmos $x$ para a variável independente e $y$ para a variável dependente, mas isso não é uma regra, qualquer letra pode ser usada. Por exemplo, dada uma função $g: X \rightarrow Y$, podemos escrever $g(a) = b$ onde $a$ é a variável independente e $b$ é a variável dependente.

Agora que entendemos o que é uma função real de uma variável real, vamos ver de que forma essas funções geralmente aparecem. Considere uma função real de uma variável real $f: A \rightarrow B$. De que forma $f$ associa os elementos de $A$ com os elementos de $B$? Essa associação ocorre por meio de expressões algébricas (e não algébricas, mas isso ficará para postagens que ainda virão) onde a variável independente da função ($x$) está presente ou não. Vejamos alguns exemplos.

Exemplos:

1. Considere a função $f: \mathbb{R} \rightarrow \mathbb{R}$ definida por $f(x) = x^2-1$. A regra $f$ é exatamente a expressão $x^2-1$ a qual contém a variável independente de $f$, o $x$. Para cada valor real que $x$ pode assumir, teremos valores diferentes para $x^2-1$. A função $f$ leva $x$ em $x^2-1$. Também podemos representar a função $f$ (e qualquer outra função) trocando o $f(x)$ pelo $y$. Assim, teremos a função escrita na forma $y = x^2-1$.

2. Um outro exemplo de função real de uma variável real é a função $g: [0, +\infty) \rightarrow \mathbb{R}$ dada por $g(x) = \sqrt{x}$.

3. Considere a função $h: \mathbb{R} \rightarrow \mathbb{R}$ dada por $h(x) = 1$. Observe a expressão que define essa função, ela não contém a variável independente $x$. Qualquer funçao na forma $h(x) = a$ onde $a \in \mathbb{R}$ é chamada de função constante. Isso faz sentido, como $h(x)$ não depende de $x$ ($x$ não está na expressão que define $h$), seu valor será constante para qualquer que seja $x$. 

Então, as funções reais de uma variável real que estudaremos, por enquanto, associam dois subconjuntos de números reais por meio de expressões algébricas.

Vamos ver agora exemplos de como calcular o valor de uma função dados os valores de $x$. Vejamos.

Exemplos:

4. Considere a função $f:\mathbb{R} \rightarrow \mathbb{R}$ dada por $f(x) = x^3-3x+1$. Calcule $f(2)$ e $f(-3)$.
Solução: Antes de qualquer cálculo, vamos entender o significado da notação $f(2)$. A notação $f(2)$ é o valor da função $f$ quando $x$ é substiuído pelo $2$ e pode ser lido como "$f$ aplicada em $2$". O mesmo vale para $f(-3)$ e para qualquer número que pode ser colocado "dentro" de $f$. Para calcular $f(2)$, basta trocarmos o $x$ que aparece na expressão que define $f$ pelo $2$, ou seja, na expressão $x^3-3x+1$ e fazer as contas. Assim, temos:
\begin{eqnarray} f(x) &=& x^3-3x+1 \\ f(2) &=& 2^3 - 3 \cdot 2 + 1 \\ &=& 8 - 6 +1 \\ &=& 3   \end{eqnarray}

Logo, $f(2) = 3$, ou, em palavras, o valor de $f$ aplicada em $2$ é igual a $3$. Também podemos dizer que $3$ é a imagem de $2$ pela função $f$.

De modo análogo, temos:
\begin{eqnarray} f(x) &=& x^3-3x+1 \\ f(-3) &=& (-3)^3 - 3 \cdot (-3) + 1 \\ &=& -27 + 9 +1 \\ &=& -17   \end{eqnarray}

Logo, $f(-3) = -17$. Observe que, quem está dentro de $f$ é o número $-3$ e não somente o $3$, assim, todo $x$ na expressão que define $f$ deve ser substituído por $-3$, usando sempre parênteses, se necessário.

5. Considere a função $q: \mathbb{R}-\{1\} \rightarrow \mathbb{R}$ definida por $q(x) = \displaystyle\frac{x^2+1}{(x-1)^2}$. Calcule $q(-1)$ e $q\left(\displaystyle\frac{1}{2}\right)$.
Solução: No exemplos anterior já vimos o significado da notação $q(-1)$ e, então, vamos direto às contas. Temos
\begin{eqnarray} q(x) &=& \frac{x^2+1}{(x-1)^2} \\ q(-1) &=& \frac{(-1)^2+1}{(-1-1)^2} \\ &=& \frac{1+1}{(-2)^2} \\ &=&  \frac{2}{4} \\ &=& \frac{1}{2}   \end{eqnarray}

Logo, $f(-2) = \displaystyle\frac{1}{2}$.

Analogamente, temos:
\begin{eqnarray} q(x) &=& \frac{x^2+1}{(x-1)^2} \\ q\left(\frac{1}{2}\right) &=& \frac{\left(\frac{1}{2}\right)^2+1}{\left(\frac{1}{2}-1\right)^2} \\ &=& \frac{\frac{1}{4}+1}{\left(-\frac{1}{2}\right)^2} \\ &=&  \frac{\frac{5}{4}}{\frac{1}{4}} \\ &=& \frac{5}{4} \cdot \frac{4}{1} \\ &=& 5   \end{eqnarray}

Logo, $f \left(\displaystyle\frac{1}{2}\right) = 5$.

6. Seja $f: (-\infty, 0] \rightarrow \mathbb{R}$ dada por $f(x) = \sqrt{-x} + \sqrt[3]{x}$. Calcule $f(-8)$ e $f(-100)$.
Solução: Fazendo os cálculos, temos:
\begin{eqnarray} f(x) &=& \sqrt{-x} + \sqrt[3]{x} \\ f(-8) &=& \sqrt{-(-8)} + \sqrt[3]{-8} \\ &=& \sqrt{8} + \sqrt[3]{-8} \\ &=&  2\sqrt{2} -2,   \end{eqnarray}

Logo, $f(-2) = 2\sqrt{2} -2$.

Analogamente,
\begin{eqnarray} f(x) &=& \sqrt{-x} + \sqrt[3]{x} \\ f(-100) &=& \sqrt{-(-100)} + \sqrt[3]{-100} \\ &=& \sqrt{100} + \sqrt[3]{-100} \\ &=&  10 - \sqrt[3]{100}.   \end{eqnarray}

Logo, $f(-100) = 10 - \sqrt[3]{100}$.

Vamos fazer uns exemplos um pouco diferentes agora.

7. Considere a função $h: \mathbb{R}  \rightarrow \mathbb{R}$ dada por $h(x) = x^2-x+10$. Determine os valores de $x$ tais que $f(x) = 12$.
Solução: Nesse exemplo, diferentemente dos anteriores, não é pedido que apliquemos a função $h$ em algum valor real de seu domínio, mas sim, para encontrarmos os valores reais em seu domínio tais que suas imagens sejam iguais a $12$, ou como está no enunciado, devemos calcular os valores de $x$ tais que $f(x) = 12$. Para fazer isso, basta substituir $f(x)$ pela expressão que a define na igualdade $f(x) = 12$. Desse modo, temos:
\begin{eqnarray} f(x) &=& 12 \\ x^2-x+10 &=& 12 \\ x^2-x-2 &=& 0.   \end{eqnarray}

Assim, basta resolver a equação do 2º grau $x^2-x-2 = 0$. Usando a fórmula de Bhaskara, temos:
\begin{eqnarray} \Delta &=& b^2 - 4ac \\ &=& (-1)^2 - 4 \cdot 1 \cdot (-2) \\ &=& 1 + 8 \\ &=& 9   \end{eqnarray}
\begin{eqnarray} x &=&\frac{- b \pm \sqrt{\Delta}}{2a} \\ &=& \frac{-(-1) \pm \sqrt{9}}{2 \cdot 1} \\ &=& \frac{1 \pm 3}{2}.   \end{eqnarray}

Logo, as soluções da equação são $x_1 = 2$ e $x_2 = -1$. Portanto, os valores de $x$ tais que $f(x) =  12$ são $2$ e $-1$.

8. Considere a função $m : \mathbb{R}-\{1, -1\} \rightarrow \mathbb{R}$ dada por $m(x) = \displaystyle\frac{x+2}{\sqrt{x^2-1}}$. Determine o valor de $x$ tal que $m(x) = 0$.
Solução: De modo análogo ao que fizemos no exemplo anterior, para determinar o valor de $x$ tal que $m(x) = 0$, basta resolver a equação $\displaystyle\frac{x+2}{\sqrt{x^2-1}} = 0$.
Observe que, um quociente é igual a zero se, e somente se, a parte de cima for igual a zero e a solução dessa equação não anule a parte de baixo do quociente. Desse modo, basta resolvermos a equação $x+2=0$. Claramente, a solução dessa equação é $x=-2$. Logo, $f(-2) = 0$.

Acima, no texto, eu afirmei que as funções reais de uma variável real aparecem dadas por meio de expressões algébricas e não algébricas . Abaixo veremos dois exemplos de funções que não são dadas por meio de expressões algébricas.

9. Seja $f:\mathbb{R} \rightarrow \mathbb{R}$ definida por: $f(x)$ é o maior inteiro menor ou igual a $x$. Essa função é chamada de função maior inteiro e é denotada por $f(x) = \lfloor x \rfloor$. Por exemplo, $f(0,5)$ é o maior número inteiro menor ou igual que $0,5$, assim, $f(0,5) = 0$. Também, $f(-2) = -2$ e $f(2,3) = 2$.

10. Seja $g:\mathbb{R} \rightarrow \mathbb{R}$ definida por: $g(x)$ é o menor inteiro maior ou igual a $x$. Essa função é chamada de função menor inteiro e é denotada por $g(x) = \lceil x \rceil$. Por exemplo, $f(0,5)$ é o menor número inteiro maior ou igual $0,5$, assim, $f(0,5) = 1$. Também, $f(-2) = -2$ e $f(2,3) = 3$.

Observação: Além dessas funções apresentadas acima, nos exemplos 9 e 10, as funções trigonométricas e logaritmicas são exemplos de funções que não são dadas por expressões algébricas (expressões algébricas são expressões que possuem somente somas, subtrações, potências, multiplicação, divisões e raízes). Embora as funções não algébricas sejam muito importantes, não as abordaremos agora. Por enquanto ficaremos com as funções algébricas. 

Resumo da postagem em vídeo:


Entendendo o que foi exposto aqui nessa postagem, você está apto a continuar os estudos de funções. Nos encontramos na próxima postagem.

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 E vamos dar sequência ao assunto de funções com essa segunda postagem. Na postagem anterior, definimos, de forma geral, o que é uma função. Além disso, definimos também o que é domínio e o contradomínio de uma função. Esses conjuntos são inseparáveis do conceito de função. Agora, nessa postagem, vamos falar de um outro conjunto que também é inseparável do conceito de função, vamos falar sobre a imagem de uma função. Então, sem enrolação, vamos lá!

O que é a imagem de uma função?

Bom, vamos começar com a definição (formal e matemática) do que é a imagem de uma função e depois vamos seguir com mais detalhes sobre esse conceito.

Definição: Seja $f: A \rightarrow B$ uma função. Definimos a imagem da função $f$, denotada por $Im(f)$, como segue:
$$Im(f) = \{y \in B: f(x) = y \mbox{ para algum } x \in A\}$$

Podemos ainda encontrar a imagem de uma função definida na forma
$$Im(f) = \{f(x) \in B: x \in A\}$$

Bom, essa é a definição formal, mas não vamos parar por aqui, vamos ver as informações que estão nessa definição.

Observe, primeiramente, que a imagem de uma função é formada por elementos de $B$, ou seja, por elementos do contradomínio da função. Assim, $Im(f)$ é um subconjunto do contradomínio da função, ou ainda, em símbolos, $Im(f) \subset B$.

Agora, veja que há uma condição para que os elementos do contradomímio estejam na imagem. Para que um elemento $y$ do contradomínio esteja na imagem, deve existir pelo menos um $x$ pertencente o domínio tal que $f(x) = y$, isto é, deve existir pelo menos um $x$ no domínio que esteja associado a $y$ pela $f$. Isso nos mostra que, em geral, a imagem de uma função e o contradomínio de uma função são conjuntos distintos.

Para ficar ainda mais claro o conceito de imagem de uma função, vamos determinar a imagem de algumas funções dadas por meio de diagramas em alguns exemplos.

Exemplos:

1. Considere a função $f:A \rightarrow B$ dada pelo seguinte diagrama
Função dada por diagrama
Para determinar a imagem da função $f$, devemos olhar para o seu contradomínio, pois como acabamos de ver, a imagem de uma função está contida no seu contradomínio. Agora, dentro do contradomínio, vamos procurar pelos elementos tais que existe pelo menos um elemento no domínio ($A$) que esteja associado a ele. Para o elemento $1 \in B$ temos $f(a) = 1$, para $2 \in B$ temos $f(c) = 2$ e para $3 \in B$ temos $f(b) = 3$. Assim, para cada elemento de $B$, existe pelo menos um elemento $A$ que é levado nele por meio da função $f$. Portanto, segue que $Im(f) = \{1,2,3\}$, ou inda, $Im(f) = B$.

2. Considere a função $g:A \rightarrow C$ dada pelo seguinte diagrama
Função dada por um diagrama

Assim como no primeiro exemplo, vamos olhar para o conjunto $C$, que é o contradomínio de $g$, e vamos procurar por aqueles elementos para os quais existe pelo menos um elemento no domínio que é levado nele. Temos $f(a) = z$, $f(b) = w$ e $f(c) = x$. Note que não há nenhum elemento em $A$ que é levado no $y$ pela função $g$, logo $y$ não está na imagem de $g$. Portanto $Im(g) = \{x,z,w\}$. Esse exemplo é um caso onde temos $Im(g)$ diferente do contradomínio de $g$.

3. Considere a função $h:A \rightarrow D$ dada pelo seguinte diagrama
Função dada por um diagrama

Vamos aplicar aqui o mesmo raciocínio que aplicamos nos exemplos anteriores. Temos que $f(x) = a$ e $f(z) = b$ enquanto que não existem elementos em $C$ que são levados pela função $h$ nos elementos $c$ e $d$ de $D$. Portanto $Im(h) = \{a,b\}$.  Observe que também temos $f(y) = a$ e $f(z) = b$. Isso não faz diferença para determinar a imagem de $h$. Para um elemento estar na imagem, basta que exista um elemento no domínio que seja levado nele pela função. Se houver mais de um, não tem problema, pois, se tem mais de um, então tem um, e isso é o que a definição de imagem de uma função exige para que um elemento esteja na imagem.

4. Considere a função $p:A \rightarrow C$ dada pelo seguinte diagrama
Diagrama de uma função

Nesse caso temos $p(a) = p(b) = p(c) = w$. Logo, $Im(p) = \{w\}$.

Acredito que, com esses diagramas, o conceito de imagem de uma função ficou claro para você. E sempre lembre-se de que os conceitos de domínio, contradomímio e imagem de uma função são inseparáveis do conceito de função. As funções sempre são acompanhadas desse conjunto.

Resumo da postagem em vídeo:


Na postagem anterior, definimos funções, domínio, contradomínio e imagem usando diagramas. Isso foi somente para entendermos esses conceitos. À partir da próxima postagem, abordaremos as funções reais de uma variável real e revisitaremos esses conceitos no contexto desse tipo de função. Ainda temos muita coisa para ver. Continue seguindo as postagens.

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Essa é a primeira postagem de uma nova série de postagens que estamos começando aqui no blog e o assunto da vez é Funções. Se você me perguntar o quanto eu acho importante o conceito de Função na Matemática, seria muito difícil para mim encontrar palavras para expressar isso. Não é exagero. O conceito de função está em todas as áreas da Mátemática, sem exceção. A importância desse conceito também pode ser visto em suas aplicações. As funções estão ao nosso redor o tempo todo. Elas estão presentes na previsão do tempo que você dá uma olhada antes de viajar, no avião que você vê voando, no celular ou computador no qual você está lendo essa postagem, no carro de Fórmula 1, no prédio que estão construindo perto da sua casa, etc.. Daria para escrever uma postagem só com as aplicações. Se você quer seguir os estudos na áreas de exatas com matemática, física, química, engenharias, computação ou em ciência sociais aplicadas como economia, administração e contabilidade é fundamental que você entenda bem o conceito de funções. Nessa postagem eu vou te apresentar a definição mais geral possível de função para depois, nas próximas postagens, entrarmos em detalhes mais expecíficos desse conceito. Então, sem perder mais tempo, vamos aprender (ou relembrar) o que é uma função. Vamos lá!

O que é uma função?

Para responder a pergunta do título acima, precisamos saber um pouco sobre teoria dos conjuntos, pelos menos o básico, que é o que são elementos e conjuntos e a relações de pertinência e inclusão (isto é, quando um elemento pertence ou não pertence a um conjunto e quando um conjunto está ou não contido em outro conjunto). Se você não lembra desses conceitos, como eles já foram abordados aqui no blog, vou deixar os links das postagens sobre esses assuntos:




Caso queira ver todas as postagens sobre teoria dos conjuntos, acesse esse link.

Agora, vamos à definição de função.

Definição: Uma função de um conjunto $A$ em um conjunto $B$ é uma regra que associa a cada elemento de $A$ um único elemento em $B$.

Em outras palavras, uma função nada mais é do que uma maneira de relacionar dois conjuntos $A$ e $B$ por meio de seus elementos, mas não de qualquer forma. Uma função de $A$ em $B$ é uma regra (lei) que associa a cada elemento de $A$, sem que não sobre nenhum, um único elemento em $B$. Essa definição acima é a definição mais geral possível. Os conjuntos $A$ e $B$ podem ser conjuntos de quaisquer tipos de objetos, não somente de números. Podem ser conjuntos de nomes, de letras, de matrizes, de vetores e até mesmo de outros conjuntos.

Um fato importante que devemos observar na definição de função é que não é possível definir função sem que haja dois conjuntos (eles podem ser iguais). Uma função sempre será de um conjunto a outro. Sem conjuntos, não temos funções (por isso fiz questão de falar que precisamos saber, pelo menos o básico, sobre Teoria dos Conjuntos).

Observação: Uma função também pode ser chamada de aplicação, a definiçao é exatamente a mesma. Alguns livros de matemática chamam de função as aplicações que possuem contradomínio igual ao conjunto dos números reais. Isso não é uma regra. Como estamos mais acostumados com o nome função, vamos usar somente esse nome.

Em matemática é comum usarmos letras para dar nome à funções. Isso mesmo, damos nomes às regras que criamos para relacionar dois conjuntos. Em geral usamos letras mínusculas, como $f$, $g$, $h$, $\dots$. Mas, em alguns textos matemáticos podemos encontrar funções nomeadas com letras maiúsculas e até com letras gregas. Em símbolos, para dizer que uma função $f$ está associando os elementos do conjunto $A$ com os do conjunto $B$, escrevemos
$$f: A \rightarrow B$$

Ao considerarmos uma função $f: A \rightarrow B$, ao conjunto $A$ damos o nome de domínio da função $f$ e ao conjunto $B$ damos o nome de contradomínio da função $f$. Em outras palavras, o domínio é o conjunto onde a função está definida.

Para entendermos bem o que é uma função, a seguir vamos ver alguns diagramas onde teremos exemplos de funções.

Exemplos:

1. Considere a regra $f$ que associa os elementos do conjunto $A$ com os elementos do conjunto $B$ dada pelo diagrama.
Função dada por um diagrama


Temos que $f$ é uma função de $A$ em $B$, pois ela satisfaz a definição de função, isto é, cada elemento de $A$ está associado a um único elemento em $B$ e em $A$ não está sobrando nenhum elemento.

2. Considere a regra $g$ que associa os elementos do conjunto $C$ com os elementos do conjunto $D$ dada pelo diagrama.
Função dada por um diagrama

Temos que $g$ é uma função de $C$ em $D$, pois ela satisfaz a definição de função. Embora os elementos $1$ e $2$ de $C$ estejam associados ao elemento $4$ de $B$, temos que o $1$ está associado somente ao $4$, o $2$ está associado somente ao $4$ e o $3$ está associado somente ao $5$. Logo $g$ satisfaz a definição de função. 

3. Considere a regra $h$ que associa os elementos do conjunto $A$ com os elementos do conjunto $E$ dada pelo diagrama.
Função dada por um diagrama

Temos que $h$ é uma função. Observe que cada elemento de $A$ está associado a um único elemento de $E$ sem que sobre nenhum elemento em $A$. É apenas isso que a definição de função exige. Embora não haja elemento em $A$ que esteja associado com $w \in E$, não há nenhum problema com isso, a definição de função continua sendo satisfeita. No contradomínio pode sobrar elementos, mas no domínio nunca.

4. Considere a regra $l$ que associa os elementos do conjunto $F$ coms os elementos do conjunto $C$ dada pelo diagrama.
Função dada por meio de um diagrama
A regra $l$ é uma função, pois ela associa cada elemento de $F$ a um único elemento de $C$.

Considere dois conjuntos $A$ e $B$ quaisquer e uma função $f : A \rightarrow B$ qualquer. Para dizer que o elemento $x \in A$ está associado ao elemento $y \in B$ escrevemos $f(x) = y$ e lemos "$f$ de $x$ igual a $y$".

No exemplo 2 temos uma função $g: C \rightarrow D$. Essa função associa o $1 \in C$ ao $4 \in D$ , assim, podemos escrever $g(1) = 4$. No exemplo 3  temos a função $h : A \rightarrow E$ que associa $a \in A$ com $x \in E$, desse modo, podemos escrever $h(a) = x$.

Vamos ver agora exemplos de regras que associam elementos de dois conjuntos que não são funções.

Exemplos:

5. Considere a regra $q$ que associa os elementos dos conjuntos $C$ e  $G$ dada pelo diagrama
Diagrama de uma relação que não é uma função
Observe que o elemento $3 \in C$ não está associado a nenhum elemento em $G$, isto é, a condição de que cada elemento de $C$ deve estar associado a um único elemento de $G$ não é satisfeita pela regra $q$. Logo, $q$ não é uma função.

6. Considere a regra $t$ que associa os elementos dos conjuntos $H$ e  $C$ dada pelo diagrama
Exemplo de uma relação que não é uma função


A regra $t$ está associando o elemento $y \in H$ a dois elementos distintos em $C$, ao $2$ e ao $3$. Assim, $t$ não está associando a cada elemento de $H$ um único elemento em $C$. Logo, $t$ não é uma função.

Resumo da postagem em vídeo:



Nessa postagem você aprendeu o que é uma função e que, junto com uma função, sempre temos dois conjuntos, um chamado domínio e o outro contradomínio. É só isso que precisamos saber sobre funções? Com certeza, não... Continuaremos com mais detalhes sobre as funções nas próximas postagens.

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Nessa postagem vamos retomar as inequações modulares. Podemos encontrar algumas inequações nas quais aparecem expressões com mais de um termo com módulo ou ainda, com termos com módulos e  outros sem módulos (termos onde a incógnita está). O caminho usado para resolver esses tipos de inequações é um pouco diferente do que vimos até agora, para resolvê-las, vamos precisar reescrever expressões com módulos sem usar os módulos. Esse assunto foi tradado na postagem anterior, então, se você caiu por aqui sem ter visto a postagem anterior, sugiro que dê uma olhada por lá. Ainda, antes de qualquer cálculo, têm mais algumas coisas que precisamos ter em mente. Vamos precisar saber o que é um intervalo (intervalos limitados e ilimitados) e também como fazer a união e a interseção de intervalos (esses assuntos estão todos disponíveis nos links anteriores). Agora sim, estando preparados, vamos lá!

Inequações modulares com mais de um módulo e com termos sem módulo

Para deixar bem claro quais os tipos de inequações que vamos aprender a resolver nessa postagem, vamos ver alguns exemplos:

Exemplos:

1. $x-4|x-3| \leq 2$
Essa inequação possui dois termos na expressão que está ao lado esquerdo do símbolo de desigualdade, o $x$ e o $4|x-3|$, ou seja, um sem módulo e outro com módulo. Assim, essa é uma inequação modular com um termo que não possuem (termo com a incógnita sem módulo).

2. $|x+1|-|x-2| < 1$
Essa é uma inequação que possui uma expressão ao lado esquerdo do símbolo de desigualdade com dois termos, os dois com módulos, ou seja, ela é uma inequação modular com mais de um módulo. Nesse caso não há termos com a incógnita sem módulo.

3. $|2x|+3|x+2| < -x + 6$
Essa é uma inequação modular com mais de um módulo e com um termo  sem módulo.

4. $|2x-3| - |x-4| \geq |x-1|$
Essa é uma inequação com mais de um módulo.

Observe que, em todos os exemplos, dentro dos módulos a incógnita $x$ possui apenas expoente $1$. Qualquer inequação em algum desses tipos apresentados acima pode ser resolvida com o que será apresentado aqui nessa postagem. Então, vamos seguir com exemplos, vamos apresentar uma forma, usando o que foi feito na postagem anterior, de resolver as quatro inequações acima.

Exemplos:

5. Determine o conjunto solução da inequação $x-4|x-3| \leq 2$.
Solução: Nessa inequação, ao lado esquerdo do símbolo de desigualdade, temos uma expressão com dois termos, um com módulo e outro sem. Para resolver esse tipo de inequação,  vamos primeiramente reescrever a expressão $x-4|x-3|$ sem usar o módulo, usando o que aprendemos na postagem anterior. Temos que:
$$x - 4|x-3| = \left\{ \begin{array}{ccc} 5x-12 & \mbox{se} & x < 3 \\ -3x+12 & \mbox{se} & x \geq 3. \end{array} \right.$$

A expressão $x-4|x-3|$, reescrita, ficou dividida em duas partes, para $x < 3$ ela é igual a $5x -12$ e para $x \geq 3$ ela é igual a $-3x+12$. Desse modo, vamos separar a resoluçao da inequação em duas partes. Na primeira parte vamos considerar somente $x < -3$ e na segunda somente $x \geq -3$. Temos,

Para $x < 3$: Note que,  $x < 3$ é o mesmo que $x \in (-\infty, 3)$.  Nesse caso, temos
\begin{eqnarray} x-4|x-3| &\leq& 2 \\ 5x-12 & \leq & 2 \\ 5x & \leq& 14 \\ x & \leq & \frac{14}{5} \end{eqnarray}

A solução da inequação acima é o conjunto $\left(-\infty, \displaystyle\frac{14}{5}\right]$. Mas, como resolvemos essa inequação somente para $x < 3$, a solução da inequação nesse caso, a qual chamaremos de $S_1$, será a interseção $(-\infty, 3) \cap \left(-\infty, \displaystyle\frac{14}{5}\right]$. Desse modo, $S_1 = \left(-\infty, \displaystyle\frac{14}{5}\right]$.

Para $x \geq 3$: Note que, $x \geq 3$ é o mesmo que $x \in [3, +\infty)$. Nesse caso, temos
\begin{eqnarray} x-4|x-3| &\leq& 2 \\ -3x+12 & \leq & 2 \\ -3x & \leq& -10 \\ x & \geq & \frac{10}{3} \end{eqnarray}

A solução da inequação acima é o conjunto $\left[\displaystyle\frac{10}{3}, + \infty\right)$. Mas, como resolvemos essa inequação somente para $x \geq 3$, a solução da inequação nesse caso, a qual chamaremos de $S_2$, será a interseção $[3, +\infty) \cap \left[\displaystyle\frac{10}{3}, + \infty\right)$. Desse modo, $S_2 = \left[\displaystyle\frac{10}{3}, + \infty\right)$.

Ainda não acabamos, mas estamos quase no fim. A solução da inequação $x-4|x-3| \leq 2$ é a união das soluções encontradas em casa uma das partes em que a resolução foi separada. Logo, a solução da inequação do enunciado, a qual chamaremos de $S$, é $S = S_1 \cup S_2$. Portanto, $S = \left(-\infty, \displaystyle\frac{14}{5}\right] \cup \left[\displaystyle\frac{10}{3}, + \infty\right)$.

Observação: Nessa postagem não serão feitos os diagramas para o cálculo da união e a interseção de intervalos. Se você precisar relembrar de como esses cálculos são feitos, leia as postagens onde esses assuntos foram tratados. Escolhi fazer dessa forma para essa postagem não ficar tão grande.

Nos próximos exemplos usaremos a mesma estratégia de resolução de inequações apresentada no exemplo acima, isto é, vamos reescrever uma expressão com termos com e sem módulos, separando-a em partes, para resolver a inequação nessas respectivas partes.

6. Determine o conjunto solução da inequação $|x+1|-|x-2| < 1$.
Solução: Nesse exemplo, ao lado esquerdo do símbolo de desigualdade, a expressão possui dois termos com módulo. Então, para resolver essa inequação, vamos reescrever a expressão $|x+1|-|x-2|$ sem usar os módulos. Temos
$$|x+1|-|x-2| = \left\{ \begin{array}{ccc} -3 & \mbox{se} & x < -1 \\ 2x-1 & \mbox{se} & -1 \leq x < 2 \\ 3 &\mbox{se} & x \geq 2. \end{array} \right.$$

Ao reescrevermos a expressão $|x+1|-|x-2| $, a separamos em três partes, ela é igual a $-3$ se $x < -1$, é igual a $2x-1$ se $-1 \leq x < 2$ e é igual a $3$ se $x \geq 2$. Por esse motivo, a resolução da inequação $|x+1|-|x-2| < 1$, será feita separadamente em cada uma dessas partes. Temos

Para $x < -1$: Observe que $x < -1$ é o mesmo que dizer que $x \in (-\infty, -1)$. Nesse caso, temos
\begin{eqnarray} |x+1|-|x-2| &<& 1 \\ -3 &<& 1.  \end{eqnarray}

Como $-3 < 1 $ é sempre verdadeiro, segue que o conjunto solução da inequação acima é $\mathbb{R}$. Mas,  como estamos no caso $x < -1$, a solução  $S_1$ que estamos procurando é $S_1 = (-\infty, -1) \cap \mathbb{R}$. Logo, $S_1 = (-\infty, -1)$.

Para $-1 \leq x < 2$: Observe que $-1 \leq 2$ é o mesmo que $x \in [-1,2)$. Nesse caso, temos
\begin{eqnarray} |x+1|-|x-2| &<& 1 \\ 2x-1 &<& 1 \\ 2x &<&2 \\ x &<& 1.  \end{eqnarray}

Desse modo, a solução $S_2$ desse caso é $S_2 = [-1,2) \cap (-\infty, 1)$, ou seja, $S_2 = [-1,1)$. Lembre-se, em cada caso (ou parte), deve ser feita a interseção do conjunto solução da inequação com o conjunto onde estamos considerando $x$. Não podemos exquecer disso.

Para $x \geq 2$: Observe que $x \geq 2$ é o mesmo que $x \in [2, +\infty)$. Nese caso, temos
\begin{eqnarray} |x+1|-|x-2| &<& 1 \\ 3 &<& 1.  \end{eqnarray}

Como $3 < 1$ nunca ocorre, o conjunto solução da inequação acima é $\emptyset$. Assim, a solução $S_3$ desse caso é $S_3 = [2, +\infty) \cap \emptyset$, isto é, $S_3 = \emptyset$.

Portanto, a solução da inequação do enunciado é $S = S_1 \cup S_2 \cup S_3$, ou seja, $S = (-\infty,1)$.

7. Determine o conjunto solução da inequação $|2x|+3|x+2| < -x + 6$.
Solução: Nessa inequação, diferentemente dos exemplos anteriores, do lado direito do símbolo de desigualdade há uma expressão que contém a incógnita $x$. Embora isso ocorra, podemos resolvê-la da mesma forma que fizemos nos exemplos anteriores, isto é, vamos reescrever a expressão que está do lado esquerdo do símbolo de desigualdade e depois determinar o conjunto solução dessa inequação em partes. Assim, reescrevendo a expressão $|2x|+3|x+2|$, temos
$$|2x|+3|x+2| = \left\{ \begin{array}{ccc} -5x-6 & \mbox{se} & x < -2 \\x+6 & \mbox{se} & -2 \leq x < 0 \\ 5x+6 &\mbox{se} & x \geq 0. \end{array} \right.$$

Vamos prosseguir resolvendo a inequação separando a resolução nos casos $x < -2$, $ -2 \leq x < 0$ e $x \geq 0$. Temos,

Para $x < -2$: Nesse caso, temos
\begin{eqnarray} |2x|+3|x+2| &<& -x + 6 \\ -5x-6 &<& -x+6 \\ -4x &<& 12 \\ x &<& \frac{12}{-4} \\ x &>& -3.  \end{eqnarray}

Sendo assim, a solução $S_1$ desse caso é $S_1 = (-\infty, -2) \cap (-3, +\infty)$, ou seja, $S_1 = (-3,-2)$.

Para $-2 \leq x < 0$: Nesse caso, temos
\begin{eqnarray} |2x|+3|x+2| &<& -x + 6 \\ x+6 &<& -x+6 \\ 2x &<& 0 \\ x &<& 0.  \end{eqnarray}

Sendo assim, a solução $S_2$ desse caso é $S_2 = [-2,0) \cap (-\infty, 0)$, ou seja, $S_2 = (-2,0)$.

Para $x \geq 0$: Nesse caso, temos
\begin{eqnarray} |2x|+3|x+2| &<& -x + 6 \\ 5x+6 &<& -x+6 \\ 6x &<& 0 \\ x &<& 0.  \end{eqnarray}

Sendo assim, a solução $S_3$ desse caso é $S_3 = [0,+\infty) \cap (-\infty, 0)$, ou seja, $S_3 = \emptyset$.

Desse modo, a soluçaõ da inequação do enunciado é $S = S_1 \cup S_2 \cup S_3$. Portanto, $S = (-3,0)$.

Vamos para o último exemplo.

8. Determine o conjunto solução da inequação $|2x-3| - |x-4| \geq |x-1|$.
Solução: Nesse exemplo, do lado direito do símbolo de desigualdade, temos um termo com módulo. Para usar o método que estamos usando para resolver essas inequações, devemos deixar os termos com módulos, todos eles, ao lado esquerdo do símbolo de desigualdade. Desse modo, a inequação do enunciado ficará na forma
$$|2x-3| - |x-4| - |x-1| \geq 0$$

Agora, vamos resolver a inequação nesse formato, reescrevendo a expressão $|2x-3| - |x-4| - |x-1|$. Fazendo isso, obtemos
$$|2x-3| - |x-4| - |x-1| = \left\{ \begin{array}{ccc} -2 & \mbox{se} & x < 1 \\ -2x & \mbox{se} & 1 \leq x < \frac{3}{2} \\ 2x-6 &\mbox{se} & \frac{3}{2} \leq x < 4 \\ 2 & \mbox{se} & x \geq 4. \end{array} \right.$$

A expressão $|2x-3| - |x-4| - |x-1|$ ficou separa em quatro partes. Isso ocorreu por que ela possui três termos com módulo. Como ela está dividida em quatro partes, a resolução dela será feita em quatro casos, são eles, $x < 1$, $1 \leq x < \displaystyle\frac{3}{2}$, $\displaystyle\frac{3}{2} \leq x < 4$ e $x < 4$. Assim, temos

Para $x < 1$: Nesse caso, temos
\begin{eqnarray} |2x-3| - |x-4| - |x-1| & \geq & 0 \\ -2 &\geq & 0.  \end{eqnarray}

Como $-2  \geq 0$ nunca é verdade, a solução da inequação acima é o conjunto $\emptyset$. Desse modo, a solução desse caso é $S_1 = (-\infty,1) \cap \emptyset = \emptyset$.

Para $1 \leq x < \displaystyle\frac{3}{2}$: Nesse caso, temos
\begin{eqnarray} |2x-3| - |x-4| - |x-1| & \geq & 0 \\ -2x &\geq & 0 \\ x \leq 0.  \end{eqnarray}

 Desse modo, a solução $S_2$ desse caso é $S_2 = \left[1,\displaystyle\frac{3}{2}\right) \cap (-\infty, 0]$, isto é, $S_2 = \emptyset$.

Para $\displaystyle\frac{3}{2} \leq x < 4$: Nesse caso, temos
\begin{eqnarray} |2x-3| - |x-4| - |x-1| & \geq & 0 \\ 2x - 6 &\geq & 0 \\ 2x &\geq& 6 \\ x &\geq& 3.  \end{eqnarray}

Logo, a solução $S_3$ desse caso é $S_3 = \left[\displaystyle\frac{3}{2}, 4\right) \cap [3, +\infty)$, isto é, $S_3 = [3,4)$.

Para $x \geq 4$: Nesse caso, temos
\begin{eqnarray} |2x-3| - |x-4| - |x-1| & \geq & 0 \\ 2 &\geq & 0.  \end{eqnarray}

Como $2 \geq 0$ é verdade, segue que a solução da inequação acima é $\mathbb{R}$. Logo, a solução $S_4$ desse caso é $S_4 = \left[\displaystyle\frac{3}{2}, 4\right) \cap \mathbb{R}$, isto é, $S_4 = [4,+\infty)$.

Por fim, a solução $S$ da inequação $|2x-3| - |x-4| - |x-1| \geq 0$, que é equivalente à inequação do enunciado, é a união da solução dos qutro casos anteriores. Portanto $S = [3, +\infty]$.

Exemplo em vídeo:


Acredtito que, com os exemplos feitos aqui, você estará apto para resolver qualquer inequação como as que vimos nesses exemplos, ou seja, com termos com e sem módulo, sempre com a incógnita com expoente igual a $1$.

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